Detidos no protesto de 26 de junho

Extraído da mídia:
Diario de pernambuco:
Segundo a SDS, Arthur Menezes dos Santos, de 19 anos e Bruno de Castro Pereira Vilar, 20, foram detidos por dano qualificado por atirarem pedras contra ônibus. Arthur foi liberado depois de pagar uma fiança no valor de R$ 2.500. Já Bruno não recolheu fiança foi para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.

Igor Alves Calado, 28, foi preso por depredar uma moto da PM. Ele pagou fiança de R$5 mil e foi liberado. Cryslaine Maria da Silva, de 19 anos, foi detida por agredidir com bombas e pedradas um policial. Ela foi encaminhada para a Cadeia Feminina do Recife, por não pagar a fiança de R$ 5 mil.De acordo com a polícia, Crislayne levava ainda gás inflamável e pedras.

Já os autuados por crime de menor potencial ofensivo foram detidos e liberados. Camila Áurea Cruz Oliveira e Lara Oliveira Buitron responderam a um Termo Circunstancial de Ocorrêcia (TCO). A primeira por favorecimento pessoal por proteger ou se omitir alguém da ação policial e a segunda por resistência. De acordo com a polícia, não foi possível comprovar que Lara participou do grupo que depredou a agencia do banco Santander, o bairro de Santo Amaro.

O estudante José da Guia Negreiros, de 19 anos, foi detido com bombas e rojões na mochila mas, como se trata de periodo junino e a polícia não teve como comprovocar o uso do material na manifestação, ele foi liberado.

Os dois adolescentes foram apreendidos em frente ao Shopping Tacaruna por roubos a manifestantes e por atirarem pedras.

Outra data (estadao):
A presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), Cryslaine Maria da Silva, de 19 anos, foi encaminhada para a Colônia Penal Feminina porque não pagou a fiança estipulada em R$ 5 mil. De acordo com a polícia, Cryslaine foi detida por agredir “com bombas e pedradas um funcionário público no exercício da função”.
A prisão (de Cryslaine Maria da Silva) causou protestos e indignação nas redes sociais e os estudantes da Fafire fizeram convocação para uma vigília e uma cota para liberá-la, mas um advogado da família interpôs um habeas corpus e ela foi liberada. Outras duas estudantes detidas foram liberadas depois de assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Damázio negou que uma delas, estudante da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tivesse sido liberada por ingerência do reitor Anísio Brasileiro, que teria intercedido por ela via telefone.
Continuam detidos um rapaz de 20 anos – por jogar pedra em ônibus – , levado para o Presídio de Paratibe Cotel, e um dos menores apreendidos, encaminhado para a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA), por não ter pago fiança. Os outros foram liberados.

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Greve dos Rodoviários: Polícia violenta trabalhadores para defender empresariado.

anuncie-aqui-800pxNesta sexta-feira a Polícia Militar de Pernambuco declarou que vai garantir a circulação os ônibus na Região Metropolitana do Recife, atuando nos terminais de integração e nos principais corredores de ônibus da cidade.

A greve dos rodoviários entra no seu 5º dia, e foi considerada abusiva pelo Tribunal Regional do Trabalho. A categoria questiona a legitimidade desta instância da justiça, uma vez que, a equipe legal, que julgou e tentou intermediar o caso, tem histórico de relações e prestação de serviços aos sindicatos das empresas de ônibus, Urbana-PE.

A intermediação do TRT-PE analisou que as reivindicações sobre o aumento do salário base, aumento do ticket refeição, que atualmente está por volta de 6 reais por dia,  redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, pagamento de hora-extra a 80% durante a semana e 100% durante o final de semana, garantia de insalubridade e cesta básica são abusivas, e determinou um aumento irrisório de 7% no salário e no ticket, julgando este percentual sendo o mais justo para categoria, posição que revoltou os trabalhadores.

Os rodoviários da Região Metropolitana do Recife, são colocados diariamente a uma caótica e estressante realidade de trabalho. O trânsito da cidade está, cada vez mais, próximo de um colapso e a disponibilidade de ônibus é insuficiente para a demanda populacional, fatores que resultam numa jornada de trabalho de cerca de dez a doze horas diárias, completamente extenuante e sem uma justa remuneração salarial.

Segundo, alguns trabalhadores, a justiça, representada por desembargadores que já atuaram para o Urbana-PE, se viu no papel de julgar uma condição que favorecesse o empresariado, desconsiderando as reivindicações e ignorando a dura realidade que a categoria é submetida.

Estar com o povo não é favorecer as corporações. 

O questionamento de aparelhamento que os trabalhadores fazem sobre a ação da justiça, vem sendo completamente ignorado pela mídia e pelo governo do estado. Ontem Eduardo Campos fez declarações desqualificando a greve, caracterizando-a de “jogo” entre sindicalistas e empresários. Segundo o governador, a justiça já se pronunciou a cerca do caso e a normalidade do transporte tem que ser garantida pelas empresas de ônibus, nem que para isso contratem novos funcionários. Desta forma, a posição de Campos coloca os trabalhadores em situação crítica, a mercê das vontades e do abuso do setor privado, legitimando uma decisão judicial patrolada em função dos empresários e induzindo a população contra a categoria. Campos diz ainda que seu papel é assegurar os interesses do povo, mas este discurso não condiz a prática, já que sua posição prejudica e vulnerabiliza a necessidade e os direitos dos trabalhadores rodoviários, que inquestionavelmente fazem parte deste estrato social. A posição do governador defende a noção de transporte como mercadoria e não como direito, o que beneficia as empresas, não averígua a parcialidade e cumplicidade da justiça com o Urbana-PE, sugere que as empresas substituam os grevistas renegando o direito constitucional a greve e justifica a não intervenção do Estado no impasse afirmando que esta questão é de ordem privada, ou seja, o governador assume que o transporte público da cidade é privado.

De acordo com a posição do governador, a Secretária de Defesa Social, age no sentido de usar a Polícia Militar para reprimir, violentar e criminalizar os trabalhadores que insistirem em lutar por melhores condições de trabalho. O órgão orientou aos policiais prenderem grevistas sobre a acusação de crime contra a organização do trabalho e por desobediência a autoridade policial. Fato que comprova a ação de um Estado autoritário que impede o questionamento às ações da polícia e o uso do mesmo aos interesses dos setores corporativos, uma vez que o caracteriza a luta dos rodoviários é exatamente uma melhor organização do trabalho que fazem.

Violência contra a saúde dos trabalhadores

Na contramão das posições políticas adotadas pelo governo do estado, a Procuradoria Regional do Trabalho da 6ª Região, aguarda levantamento do INSS para entrar com ação civil pública contra as 18 empresas de ônibus que atuam no Grande Recife. A análise do INSS revelou que nada menos que 5 mil motoristas de ônibus da Região Metropolitana, se afastaram do serviço nos últimos cinco anos por problemas de saúde. A expectativa é que o documento seja enviado ao Ministério Público do Trabalho em, no máximo 15 dias, para que depois disso seja ajuizada a ação. Doenças ósseo-musculares, traumatismos e problemas psíquicos estão relacionadas ao ofício dos rodoviários. Contudo, notificadas, pela PRT6, as empresas de transporte público se recusaram a assinar o Termo de Ajustamento de Conduta a respeito das irregularidades cometidas.

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ATO DEBATE: Democracia é na Rua

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Violência contra a Saúde Pública: Estudo alerta para correlação entre gases utilizados em armas não letais e doenças graves

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Pesquisa realizada pela Dalla Lana School of Public Health da Universidade de Toronto revela os riscos relacionados à exposição intensa ao gás lacrimogênio. Problemas respiratórios e dermatológicos graves e até mesmo câncer estão entre as patologias associadas ao emprego de armas até então consideradas não letais.

Através da análise de 10.000 prontuários médicos de militares estadunidenses de diferentes faixas etárias, a equipe de pesquisadores liderada pelo PhD, Howard Hu, da DLSPH (Universidade de Toronto) demonstrou a correlação existente entre a exposição constante ao gás lacrimogênio e a ocorrência de sérias patologias.

“Finalmente conseguimos demonstrar que a utilização de gás lacrimogênio para a dispersão de massas afeta intensamente a saúde. Mesmo entre militares e policiais que até então consideravam-se imunes registramos um aumento de 80% nas ocorrências de sérios problemas respiratórios e um aumento de 60% nos casos de câncer de pulmão, cérebro e sangue. Nao é a primeira vez que nos deparamos com o chamado “chemical Breech”. Manifestantes e policiais desconhecem o quanto isto é alarmante” – Afirma o pesquisador.

Retomando pesquisa iniciada em 2010 com resultados parciais apresentados no artigo Biomarkers of Lead Exposure and DNA Methylation within Retrotransposons, a equipe do professor Hu recentemente lançou um relatório de mais de 400 páginas compilando seus estudos. O relatório conclui com um alerta voltado para que os governos e estados deixem de utilizar armas químicas durante protestos e manifestações.

Já existe quantidade significativa de evidências científicas para propor a alteração da nomenclatura do gás lacrimogênio e do spray de pimenta de “armas não letais” para “armas de potencial letal”. O gás, quando inalado, interfere diretamente na metilação do DNA e, quando em contato com a pele, é absorvido diretamente pela corrente sanguínea, alterando o microRNA dos linfócitos T. “E isto é só o começo, não há como prever como o corpo de cada indivíduo reagirá, a longo prazo, a exposição ao gás, entretanto os efeitos potencialmente letais devem ser considerados diante do montante de evidência acumulado desde os anos 50”, pondera o professor que considera também a necessidade de novas pesquisas sobre os efeitos do gás sobre a população civil.

O pesquisador relembra ainda que a correlação entre câncer e armas bioquímicas não é algo desconhecido. Estudos realizados após a Segunda Guerra Mundial já apontaram anteriormente para a correlaçao entre o uso de gás mostarda e o aumento de 127 vezes na ocorrência de câncer entre militares expostos.

No Brasil, nos últimos dois anos já foram registradas dez mortes decorrentes da utilização de gás lacrimogênio durante manifestações. Relatos vindos de diferentes hospitais apontam uma ampliação das taxas de policiais e manifestantes que receberam atendimento por problemas respiratórios desde o início das manifestações contra o aumento das passagens.

Segundo as informações divulgadas pela organização Médicos Sem Fronteiras, manifestante e policiais têm procurado o serviço ambulatorial reclamando de falta de ar, respiração encurtada, chiados no peito (popularmente conhecido como “miado de gatinho”) e, nos casos mais graves, excreta de uma secreção amarelada.

Em quadros clínicos de intensa exposição, os alvéolos começam a secretar uma substância capaz de aumentar a concentração de oxigênio no corpo, forçando a expulsão dos gases tóxicos. Embora tais condições não produzam necessariamente ao desenvolvimento do câncer, especialistas advertem que policiais submetidos a esta situação por longos períodos podem desenvolver a patogenia, havendo um comprometimento na capacidade de renovação celular.

Entre manifestantes atingidos pelo gás lacrimogênio em manifestações são observados casos de dermatite severa, os quais podem evoluir para infecções dermatológicas. A principal orientação médica que ao primeiro sinal de mal estar e queimação nos olhos e na pele, qualquer pessoa atingida deve imediatamente procurar atendimento nos pronto atendimento dos hospitais.

projéteis vencidos encontrados nas ruas de São Paulo.

projéteis vencidos encontrados nas ruas de São Paulo.

Nos protestos de junho de 2013, a mídia corporativa divulgou o uso irresponsável do gás pelas autoridades policiais. Em Belém, uma gari que inalou o gás em protesto morreu. Em São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte foi comprovado que os gases usados nas manifestações estavam vencidos. A informação no corpo do projétil alerta para a não utilização da arma química após o prazo de validade, contudo, indo na contramão de estudos científicos internacionais aqui divulgados, a Polícia Militar de São Paulo afirma que isto não afeta a saúde das pessoas. O risco “seria apenas para o agente de segurança, pois o tempo para o início da queima poderá ser abreviado”.

Abaixo segue alguns artigos (em inglês) sobre os perigos do gás lacrimogênio para a saúde:

Materia enviada via email pela RAAIP – Rede Anticapitalista e Apartidária de Informação Política

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PRESXS ANARQUISTAS AO VIVO NA RÁDIO CORDEL LIBERTÁRIO

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A Rádio Cordel Libertário convidou pessoas que estão envolvidxs diretamente no debate sobre a criminalização de movimentos sociais e ideologias políticas, para um bate papo. Entendendo que nossa luta não tem fronteiras e a importância que é conhecer e manifestar solidariedade ao que vem ocorrendo com companheirxs anarquistas do chile, e também bater um papo sobre o anarquismo no Brasil na atual conjuntura

Convidados:

Rafael PK – Porto Alegre/RS

Companheirxs Anarquistas de Santiago/Chile

QUANDO: 04/07/2013 5ª feira
HORAS: 21:10 (horário de brasília)

Texto de chamada escrito pela Rádio Cordel Libertário e editado pela Rede de Solidariedade contra Repressão

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Flagrante de policais espancando pessoas em São Bernardo do Campo

Um protesto com cerca de 2,5 mil pessoas fechou ruas da região central de São Bernardo no final da tarde e noite da última segunda-feira (01/07). Um rapaz foi baleado no ombro por um carro que passava pela Av. Anchieta, testemunhas afirmam que o tiro partiu de um policial a paisana que dirigia um Fiesta azul.

Durante o tumulto várias pessoas se amontoaram em uma rua, sendo atingidas por balas de borracha e bombas de efeito moral. Nos vídeos flagrantes abaixo é possível ver alguns policiais espancando uma pessoa nesta mesma rua. É impressionante como eles batem sem nenhum ressentimento.

https://www.youtube.com/watch?v=KXoKtr-YR6I

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Relatos em áudio sobre a violência policial na manifestação de 26/06

Segue abaixo uma série de áudios coletados nas ruas sobre a violência policial cometida na manifestação do dia 26/06, que terminou com a prisão de 7 pessoas. Advogados revelam a ilegalidade da opreção e afirmam que os crimes citados foram inventados ou oportunizados pela polícia com objetivo de desmobilizar, coagir e reprimir as manifestações.

depoimento da violência sobre os jornalistas
depoimento sobre as arbitrariedades da polícia e delegada
P2 infiltrados na manifestacao
pm impõe a finalização do ato

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Repressão Policial aos Trabalhadores Rodoviários

DENÚNCIA DE REPRESSÃO POLICIAL A GREVE DOS TRABALHADORES RODOVIÁRIOS

Um motorista de ônibus foi preso, na manhã desta quarta-feira, quando se recusava a seguir viagem, parando o coletivo que dirigia na Avenida Conde da Boa Vista. Cléber Teles foi detido por policiais do Batalhão de Choque. Após a prisão do grevista, os motoristas que seguiam dentro dos ônibus estacionados em fila atrás do dele resolveram retirar os veículos do local. O comando de prisão teria sido uma orientação do governador Eduardo Campos, que ainda não se pronunciou sobre a greve dos rodoviários e não deu indicativos se irá receber a pauta de reivindicação da categoria. Após a prisão do grevista, os motoristas que seguiam dentro dos ônibus estacionados em fila atrás do dele, resolveram retirar os veículos do local. O motorista foi levado para a Delegacia de Plantão da Boa Vista (localizada na sede da Delegacia de Santo Amaro).

Em nota lançada pelo facebook a Oposição dos Rodoviários de Pernambuco, declara que “não aceita a decisão do TRT” e que “se estamos causando transtornos a culpa é da patronal e do governador Eduardo Campos”.

No documento, a categoria denuncia o favorecimento da justiça as empresas de ônibus e pede uma CPI para a abertura das contas. A oposição afirma que o desembargador Pedro Paulo da Nóbrega, vice presidente do TRT, já foi advogado do Urbana-PE, sindicato dos empresários de transporte público do Recife, fato que deslegitimaria o desembargador perante o julgamento da greve.

“Não podemos continuar com péssimos salários e condições indignas de sobrevivência. Temos contas para pagar, filhos para educar e dar de comer. Somos homens e mulheres que fazem a cidade se movimentar. Não somos vândalos nem desonestos, somos trabalhadores e exigimos respeito.” Disse Aldo Lima, liderança da Oposição Rodoviária CSP/Conlutas

Clébio Teles foi detido por policiais do Batalhão de Choque quando se recusava a seguir viagem, parando o coletivo que dirigia na Avenida Conde da Boa Vista. Foto: Ricardo Fernandes

Clébio Teles foi detido por policiais do Batalhão de Choque quando se recusava a seguir viagem, parando o coletivo que dirigia na Avenida Conde da Boa Vista. Foto: Ricardo Fernandes

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Nota sobre as Manifestações e Revolta no Brasil

Nas últimas semanas grandes manifestações tomaram ruas, avenidas e rodovias das várias cidades do Brasil. Questionáveis, manipuladoras e policialescas, as notícias divulgadas pela mídia corporativa não condizem com os fatos, ações e motivações observados nas ruas.

Constituído coletivamente no âmbito da Rede Anticapitalista e Apartidária de Informação Política (RAAIP) o relato a seguir apresenta uma perspectiva informativa e libertária destas manifestações. Este esforço de mídia autônoma tem como meta informar militantes e organizações libertárias de outros países, tornar publicamente conhecidos alguns antecedentes destas manifestações, a indignação coletiva frente à violência estatal, a manipulação midiática dos fatos, e a luta dos povos contra a injustiça social e exploração no Brasil.

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Contexto

Nos últimos anos as elites brasileiras tem promovido uma série de ações no sentido de consolidar a imposição de seu projeto de capitalismo/estadismo nacional. Tendo como referencias as políticas desenvolvimentistas de países como a China e a África do Sul, através de parcerias publico-privadas, o estado tem promovido diversos programas de aceleração do crescimento (PACs) em consonância com a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul Americana(IIRSA). Para a efetivação destes programas, áreas cada vez maiores de floresta são derrubadas, grandes rios são represados para a construção de enormes hidroelétricas voltadas para a geração de energia para parques industriais. A construção de infraestrutura para a promoção de industrialização pesada se dá uma vez mais em detrimento das populações carentes e dos povos indígenas despejados de seus territórios.
Os transportes de passageiros e cargas no Brasil são em grande medida dependentes dos combustíveis fósseis cada vez mais caros. Todos os anos, os preços dos alimentos aumentam. As políticas de produção de biodiesel promovidas pelo governo estão levando o país a uma crise alimentar sem precedentes. Mais e mais áreas de plantio de alimentos vêm sendo destinadas à produção de biocombustível. Em muitas cidades, capitalistas e estadistas aproveitam a alta dos combustíveis para sobretaxar anualmente os transportes de massa que controlam. Nos últimos três anos também, a especulação imobiliária resultou num aumento de até 150% nos preços de aluguéis e terrenos urbanos. Como resultado, uma parcela cada vez mais significativa da população não pode arcar com as despesas básicas.

Casos de corrupção são extremamente comuns no Brasil. Governantes aumentam seus salários e benefícios chegando a dezenas de vezes o valor do salário mínimo que é de 650 reais (o equivalente a 300 dólares).

Há mais de uma década a ideia de uma Copa do Mundo no Brasil tem sido promovida pelos meios da mídia corporativa como fonte de grandes benefícios a toda população. No discurso divulgado a copa seria a melhor forma de ‘aquecer a economia, criar empregos e estimular o turismo’.
Na prática, nada mais longe da verdade. A Copa do Mundo tem servido como estopim para a ampliação das políticas de controle, distração de massas e engenharia social. Milhares de famílias são removidas de suas casas para dar lugar às obras de infraestrutura da copa afiladas com políticas de gentrificação e especulação imobiliária.
Nesse contexto são aprovadas leis como a PL 728/2011, estabelecendo estado de exceção durante a Copa, criando varas especiais para proteger interesses da FIFA e da CBF, criminalizando e perseguindo movimentos sociais e dissidentes políticos, definindo como terrorismo qualquer manifestação pública de indignação ou descontentamento.

Movimento Passe Livre

As manifestações que deram início à série de protestos que estão acontecendo foram organizadas com base nas convocatórias emitidas pelo Movimento Passe Livre (MPL). O MPL se organiza em uma rede de jovens militantes, muitxs delxs apartidárixs e vinculadxs ao movimento estudantil não institucional. Desde o início da década de 2000 o MPL vem convocando manifestações frente aos aumentos anuais nas tarifas de transporte de massas nas grandes cidades. Sua principal reivindicação é o fim da cobrança do transporte público para trabalhadores desempregados e estudantes.
Diferente de outros anos, em que as manifestações organizadas pelo MPL juntavam no máximo alguns milhares de pessoas, nos protestos contra o aumento da passagem em março de 2013 o que se viu foi a rápida adesão massiva de dezenas de milhares de pessoas. Os primeiros protestos organizados em Porto Alegre sofreram uma forte repressão policial, mas no início de abril se conseguiu revogar o aumento da passagem que tinha ocorrido semanas antes. Após essas informações serem divulgadas pelas redes sociais e pela mídia, outras manifestações passaram a acontecer em outras capitais e cidades menores.
Com a adesão massiva, diversas reivindicações se somaram as demandadas do MPL. Estas novas demandas foram exibidas pelxs manifestantes através de faixas, cartazes e gritos nas ruas.
Enquanto alguns grupos questionavam o sistema capitalista como um todo, outros se contrapunham a Copa e suas consequências. Pessoas manifestavam seu descontentamento com as coberturas da grande mídia. Grupos demandavam do governo melhorias nos serviços estatais de educação, saúde e segurança. Houve também quem protestasse contra a corrupção retomando símbolos dos cara-pintadas, movimento nacionalista adolescente amplamente utilizado pela mídia no início dos anos de 1990 que saiu às ruas demandando o Impeachment do então presidente Fernando Collor. Em diversos casos, visões políticas profundamente conservadoras se fizeram presentes em meio às reivindicações.
Ainda que majoritariamente pacíficas, as primeiras manifestações foram duramente reprimidas pelos aparatos repressores dos estados. Centenas de pessoas ficaram feridas devido ao uso de armas não letais, muitas foram presas e espancadas.

Cobertura midiática, autocensura e distorção

Frente a grande adesão de manifestantes, a mídia corporativa, que por anos havia ignorado o Movimento Passe Livre, se viu forçada a mudar o foco de suas coberturas. As intenções, no entanto, eram claras – as coberturas jornalísticas eram criadas de forma a manipular, dividir e pacificar as manifestações.
Posturas pacifistas colaborativas com o aparato repressor passaram a ser então constantemente elogiadas por repórteres e jornalistas que as associavam com expressões estéticas de cunho nacionalista. Bordões da época da ditadura foram resgatados em meio aos protestos. Questionamentos sistêmicos e críticas às coberturas midiáticas foram omitidos. De forma extremamente tendenciosa os meios de mídia incitavam a população a assumir uma postura pacifista e nacionalista como a forma mais correta de agir nas manifestações.
Ao mesmo tempo, manifestantes mais indignados que adotaram táticas consideradas mais agressivas de protesto foram retratados como uma minoria de vândalos, violentos e anarquistas – demonizados, perseguidos e criminalizados repetidas vezes pela grande mídia que incitava as forças repressoras a responder de forma violenta.
Em Porto Alegre este tipo de conduta gerou grande indignação fazendo com que as manifestações se dirigissem para as instalações do Grupo de mídia RBS, diante da qual, por duas vezes consecutivas manifestantes e policiais entraram em confronto.

Muito das coberturas das manifestações têm se dado através das câmeras de controle do tráfego das cidades, ou de trás dos aparatos repressores. Muitas prisões têm acontecido em diversas cidades, e inúmeros casos de tortura jovens, adolescentes e pessoas idosas têm sido reportados pela internet, apenas divulgados por jornais e TV em termos de número, mas sem qualquer aprofundamento.

Temos visto na mídia, absurdos jornalísticos de autocensura e distorção dos fatos: três manifestantes que se escondiam da tropa de choque atrás de uma banca de jornais, sem perceber, acabaram cercados. No momento exato em que seriam espancados diante da câmera da empresa de tráfego em cadeia nacional, a emissora televisiva TVCOM, do Grupo RBS, decidiu trocar de câmera para mostrar imagens das manifestações pacíficas que ocorriam em outro ponto da cidade. Em outro episódio ocorrido em Belo Horizonte, um manifestante com a cabeça aberta, cercado por uma dezena de policiais que os agrediam, é filmado por um repórter que em primeiro plano afirma que o ferido está sendo “socorrido” pela polícia.

Repressão, provocação e violência

Diante da truculência da polícia, um número cada vez maior de manifestantes passou a revidar os ataques dos aparatos repressores. Também a infraestrutura estatal e corporativa como vitrines de bancos e cadeias de grandes lojas foram quebradas. Prédios públicos foram ocupados e rodovias bloqueadas.
Um número cada vez maior de policiais infiltrados agiu como agentes provocadores durante os protestos, e pela primeira vez pequenos comércios foram atacados, e manifestantes foram agredidos. Foram vistos também nas ruas grupos de fascistas se passando por apartidários, caçando “baderneiros” e partidários pelas ruas, e tentando se promover publicamente através de posturas politicamente corretas como recolher o lixo e desvirar lixeiras tombadas por outros manifestantes.
Como resultado da manipulação da grande mídia muitos dos chamados “pacifistas” assumiram posturas policialescas cada vez mais evidentes, denunciando e perseguindo os chamados “manifestantes violentos”. Muitas pessoas passaram a aderir também à estética nacionalista em diversas cidades.
As manifestações se tornaram mais comuns, em muitos casos ganhando ares de levantes e revoltas. Avenidas centrais de grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro se tornaram palco de confrontos generalizados entre a polícia e manifestantes, com a primeira utilizando até mesmo armas de fogo contra estes últimos. Pessoas foram espancadas e ocorreram prisões absurdas e arbitrárias, como é o caso detenções por porte de vinagre, uma vez que essa substancia estava sendo utilizada contra os efeitos do gás lacrimogênio.
Em Pernambuco, nordeste brasileiro, a primeira manifestação foi inteiramente pacífica. Atos de depredação a bancos, igrejas neopentencostais e prédios públicos foram duramente reprimidos pela massa nacionalista que cantava o hino e tinha o rosto pintado com as cores da bandeira brasileira. Ocorreram denúncias e perseguições na tentativa de colaborar com o trabalho da polícia. Ainda aconteceram atitudes repressivas aos setores marginalizados que aderiram às manifestações. Grupos de manifestantes aplaudiam a ação da polícia e demandavam a execução de adolescentes em situação de rua, por terem realizados furtos durante as manifestações.

Acusações de conspiração e preparativos para um golpe

Diante da resistência dos manifestantes nas ruas enfrentando, e em alguns casos vencendo os aparatos repressores, devido também à presença de símbolos anarquistas em bandeiras e pichações durante as manifestações, e ainda graças à presença de organizações libertárias envolvidas no Movimento Passe Livre, governantes e militares levantaram a hipótese de estar em andamento uma conspiração anarquista internacional pela derrubada do poder.
Com conjecturas sem fundamento sendo publicadas nos jornais, libertárixs passaram a ser investigadxs pela agência de inteligência brasileira e forças policiais. Militantes do MPL foram ameaçadxs de morte durante os protestos. Um espaço cultural da Federação Anarquista Gaúcha foi invadido pela polícia sem qualquer mandato ou identificação. Livros e outros materiais foram aprendidos, materiais para pintar cartazes e faixas foram considerados ‘materiais para confecção de coquetéis molotovs’. Um mapa com a identificação de órgãos de segurança foi implantado pela polícia para simular um eminente ataque anarquista ao estado.
Também foi levantada pelo governo a hipótese de uma conspiração de extrema direita envolvendo setores da polícia do exército e da grande mídia, com o intuito de levar o caos às ruas das cidades, de forma a justificar uma intervenção ou golpe militar. Esta hipótese não parece ser de todo fantasiosa, em algumas cidades o efetivo militar tem se mostrado cada vez mais presentes. Um general de alta patente já se posicionou em favor de um novo golpe.

Articulação

Desde já, convidamos a grupos e indivíduos com afinidade com os ideais libertários, para um esforço coletivo na divulgação destas informações através de campanhas informativas sobre os acontecimentos relacionados ao autoritarismo no Brasil. Também é importante que a Copa do mundo no Brasil não possa acontecer, para que este evento não sirva de desculpa para a implementação de um estado policial de exceção. Chamamos para o combate de discursos nacionalistas que no momento estão sendo divulgados pela mídia corporativa brasileira, ao que tudo indica, preparando terreno para um novo golpe da direita.

Nota enviada via email pela RAAIP – Rede Anticapitalista e Apartidária de Informação Política

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Sinjope e Fenaj repudiam cerceamento da PM em cobertura jornalística no Derby

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco (Sinjope) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam  o cerceamento ao trabalho e a violência policial  de que foram vítimas três jornalistas profissionais no exercício de sua funções, durante protesto na noite desta sexta-feira, no Derby, Recife. Mesmo após se identificar como repórter, um jornalista do NE10 foi intimidado por quatro policiais e obrigado a apagar as imagens e desligar a câmera. Um repórter fotográfico da Folha de Pernambuco tentou intervir na defesa de seu colega e foi expulso do local por PMs. Uma jornalista do Portal G1-PE foi atingida no rosto por spray de pimenta.

Essas ações claramente objetivaram impedir o registro da ação da PM no momento em que foram utilizados balas de borracha, spray de pimenta, ameaças e agressões para dispersar os manifestantes que até então realizavam um protesto pacífico. Isso inclusive, por policiais que não tinham identificação em sua farda, o que dificulta a necessária apuração e punição de excessos.

O Sinjope e a Fenaj defendem intransigentemente o livre exercício da profissão de jornalista para o correto registro e divulgação dos fatos. Cobramos da Secretaria de Defesa Social a identificação e punição dos agressores e a imediata revisão dos procedimentos adotados pela PM durante coberturas jornalísticas.

O Sindicato vai solicitar uma audiência com o secretario de defesa social, Wilson Damásio, para cobrar a apuração dos fatos e se mantém à disposição desses profissionais, como de toda a categoria, para garantir o correto e livre exercício da profissão.

fonte: Sinjop – Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco
acessível em: http://www.sinjope.org.br/noticias-detalhe.php?idNoticia=4200

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